Abrigos da Fé
Dorival Caymmi cantou, em uma de suas músicas sobre a Bahia, que Salva-dor tem 365 igrejas, para que o baiano celebre sua fé em um canto dife-rente a cada dia do ano. Ninguém sabe ao certo se este é realmente o número de templos católicos da capital baiana e há quem diga que exis-tem ainda mais. Uma coisa é certa: as igrejas católicas construídas a-qui, desde a fundação da cidade, guardam histórias além de relíquias. São elas que remetem o visitante a um passado onde fé e arte estavam juntas em um mesmo altar.
As igrejas de Salvador possuem uma variedade de estilos, indo do barro-co ao neoclássico. Foram construídas com os mais diversos materiais, desde a pedra lioz até o ouro. Algumas conservam ainda painéis e tetos pintados a óleo, azulejos vindos de Portugal, imagens sacras que são obras de arte. Detalhes que fazem dos templos de Salvador muito mais do que casas de orações, são monumentos valor artístico inestimável.
Relíquias arquitetônicas
No conjunto arquitetônico do Pelourinho, destacam-se as igrejas, pela quantidade, variedade e beleza. As edificações das ordens religiosas e os sobrados passaram a rodear o Terreiro de Jesus no século XVIII. É justamente no Centro Histórico que estão alguns dos mais importantes templos de Salvador
A Igreja e Convento de São Francisco é uma das mais ricas do Brasil e considerada o mais belo exemplar do barroco português no mundo. O tem-plo tem o interior todo recoberto em ouro e jacarandá. O Barroco está presente na fachada e nos painéis de azulejos portugueses, que reprodu-zem o nascimento de São Francisco e sua trajetória de renúncia aos bens materiais. Também está no interior, formado por talha de madeira e or-namentado com todos os símbolos do barroco: folhas de acanto, pelica-nos, flores, anjos, sereias, dentre outros.
O convento começou a ser construído um século depois que os primeiros franciscanos chegaram em Salvador em 1587. Já as obras da igreja foram iniciadas somente na primeira metade do século XVIII. Conta-se que fo-ram utilizados mil quilos de ouro em pó só para moldar a talha. As pin-turas do teto têm forma de estrelas, hexágonos e octógonos. Na sacris-tia, estão reunidos 18 painéis a óleo sobre a vida de São Francisco. Podem ser vistas também na Igreja de São Francisco esculturas do grande santeiro baiano Manuel Inácio da Costa.
A Igreja da Ordem Terceira de São Francisco data de 1702. Tem fachada em pedra lavrada cinzelada, que remete ao barroco espanhol, sendo o ú-nico exemplar no Brasil que apresenta santos, figuras, anjos, caras, emblemas, coroas, ramos, dentre outros ornatos. Por algum tempo, essa fachada esteve encoberta com argamassa e somente no início do século XX, durante serviços de implantação da rede elétrica na área, foi re-descoberto o seu desenho original. Ele é de Gabriel Ribeiro, considera-do um dos introdutores do barroco na Bahia.
No teto existem pinturas criadas em 1831 por Franco Velasco. Já no ane-xo, funciona museu que reproduz um salão nobre, com acervo de obras sa-cras, vestes sacerdotais e sala de reuniões com azulejos portugueses.
No teto existem pinturas criadas em 1831 por Franco Velasco. Já no ane-xo, funciona museu que reproduz um salão nobre, com acervo de obras sa-cras, vestes sacerdotais e sala de reuniões com azulejos portugueses.
Fonte: Patrimônio Histórico da Bahia.